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Conheça o Esplendor da Árvore da Vida. Encante-se com esse Conhecimento e adquira Sabedoria. Parte 1


Na história do símbolo, a árvore é descrita como o caminho e o crescimento para o imutável e eterno, gerada pela união dos opostos e possibilitando a mesma através do seu eterno já existir. (JUNG, 2000)

A árvore é um grande símbolo para a humanidade. Chevalier (2016), diz que se fôssemos analisar a importância da árvore na esfera simbólica, precisaríamos de um livro só para isso. Além das simbologias da árvore em algumas tradições e do valor especial de algumas espécies para alguns povos e religiões, a árvore em si pode ser vista como símbolo do desenvolvimento psicológico e do processo de individuação.

Para se falar deste símbolo que é a árvore é, importante lembrar que em várias culturas a árvore é símbolo sagrado, não por ser uma árvore no sentido literal, mas por representar algo que vai além, que transcende, como um ser divino, um deus ou algo ligado à estrutura do mundo e do universo. Não temos a intenção de explorar a simbologia da árvore agora, porém mais adiante, ou seja, a aparição da árvore como símbolo, “como história primordial” ou manifestação do divino, mas propor uma reflexão de como este símbolo, a árvore, como ser vivo, independente da espécie, é símbolo do ciclo da vida, das relações entre consciente e inconsciente e da função transcendente.

Desde a sua semente, a sua germinação, a árvore tem em si todo o potencial de tornar a ser. Poucas sementes, inclusive, somente “despertam” se passarem por condições como fogo, seca, chuvas e até o trato digestivo de alguns animais. A árvore, nessa fase, só começa a se tornar árvore se passar por todo o processo do despertar e aquela que não encontra condições para despertar, pode nunca vir a ser, apesar de seu potencial ter sempre existido.

Depois de germinar, a planta precisa de esforço para sair do fundo da terra, precisa sair desse inconsciente que é o solo e emergir para o ar e para a luz e sua resposta ao ambiente passa a reger seu desenvolvimento. A presença de sol, de todos os nutrientes, a competição entre as plantas, os predadores e vários outros fatores que se incluem no caminho que a árvore irá seguir, rumo ao seu objetivo e destino: o céu e nas formas que terá durante esse caminho.

Nessa jornada, nesse processo, será necessário que a planta desenvolva resiliência para com o ambiente para poder desempenhar o seu papel num sistema maior. Pouquíssimas são as árvores que sobrevivem sozinhas e, muitas precisam estar incluídas em um ambiente com outras árvores, inclusive de outras espécies, para que possam viver, e, em alguns casos contribuir com o ambiente ao seu redor para se tornar propício ou sobreviver a si mesma e contribuir com os outros. Ao cair ou se livrar das folhas e de suas partes mortas, a árvore oferece alimento ao solo e à sua microfauna, que, por sua vez, tornam todo esse descarte um alimento para a própria árvore e todo o seu entorno.

Desde quando nasce até a sua morte, a árvore realiza todo processo de fotossíntese como processo primordial para sua vida. A partir da fotossíntese, a árvore se alimenta, transformando a luz solar e todos os sais minerais extraídos do solo em alimento para seu crescimento e manutenção. Desta maneira, ela se torna um elo entre o céu e a terra, fazendo com que os elementos da natureza se combinem, gerando vida.

A subida das árvores ao céu é acompanhada por um fenômeno bastante interessante que não nos damos conta: o aprofundamento de suas raízes. Árvores muito grandes, sem não tiverem raízes profundas, estão fadadas à morte prematura. A busca das raízes por solos profundos tem duas principais razões: primeiro, a fixação e a garantia da árvore no solo, para que sua copa, mais alta e frondosa, consiga resistir a qualquer extremo das condições climáticas; segundo, a busca por água e alimentos em áreas mais profundas. Neste processo ou dessa maneira, as raízes muitas vezes tornam-se “espelhos” da copa, assumindo mesmos tamanho e formato ou, em alguns casos, podem ser maiores que a parte aérea da árvore, o que permite que algumas espécies sobrevivam até ao fogo.

Outro aspecto interessante e profundamente simbólico das árvores é que, as suas histórias não são esquecidas. Os anéis de crescimento do tronco registram tudo pelo que a árvore passou e, mais importante, e relatam que, muitas vezes, a planta precisou se recuperar das suas feridas, e se cresceu menos em anos de seca, cresceu demais em anos de muita chuva, entre outras dificuldades.

A procura da árvore pelo céu, é a busca da alma humana pela individuação, que é o processo pelo qual uma parte do todo se torna progressivamente mais distinta e independente. Não é um processo com um fim em si, pois nenhuma árvore jamais encontrará o céu, mas sim um objetivo, que é ascender, assim como a alma e a psique buscam a individuação. Cada árvore e cada alma fazem isso à sua maneira, no seu tempo e com as ferramentas que lhe foram oferecidas para à sua concepção e encarnação. Assim como a consciência precisa emergir do inconsciente e criar um ego para seguir em frente, a planta precisa também emergir, criar uma estrutura e iniciar sua busca pelo céu.

Chevalier (2016) descreve que a árvore é um símbolo da relação entre terra e céu. Adiciona que a árvore (assim como a maioria das plantas) é um grande símbolo da transformação da energia em obra. Ela absorve os nutrientes da terra, ao mesmo tempo em que absorve a luz solar e os transforma em madeira, folhas, flores e frutos, unindo material e imaterial e lhes transformando em substância. Ela retira gás carbônico do ambiente e devolve oxigênio. A árvore é o maior veículo de vida, que possibilita a existência de si mesma e de outros ao mesmo tempo e ao seu redor.

Analise o desenvolvimento das árvores como grande símbolo do desenvolvimento psicológico. Para que a árvore possa crescer, ela precisa desenvolver-se para cima, e para baixo, para dentro e para fora. A árvore não nega sua história, e isso é muito importante, mas registra e se forma a partir dela. Estude os anéis de crescimento de uma árvore e você saberá por tudo que ela passou. Ela entende que precisa da sua parte subterrânea, de suas raízes, para que sua parte aérea sobreviva.

Toda psique tem desenvolvimento semelhante: busca os céus em elevação e auto realização condicionadas pelo Self desde sempre. A consciência precisa brotar do inconsciente que é a nossa sombra e, ao longo de toda sua existência, crescer e buscar o céu, mas não pode deixar de enterrar seus pés na terra, sob o risco de se perder. O nosso ego que se infla demais na superfície, sem ter raízes fortes na sua sombra, corre grande risco de colapsar sob os ventos e martírios da vida.

O ego saudável deve ter raízes profundas no inconsciente e ter contato com as emoções e nutrientes mais profundos da nossa sombra. Precisa absorver conteúdos, transformando-os em alimento e crescimento da alma, sem esquecer de sua história, crescendo a partir dela. Jung (2000) cita que a alquimia viu na árvore um símbolo da união dos opostos, Chevalier (2016) também nos traz que a árvore contém os 4 elementos (terra, água, ar e fogo); nesse sentido, a psique precisa buscar unir esses opostos, equilibrar e criar algo a partir deles para se realizar. Soma-se à esta reflexão, o fato de que a árvore também invoca o símbolo do “Y” e da cruz, em que dois se tornam um, ou ainda, que a partir dessa união dos opostos se cria algo novo, como na função transcendente.

A árvore nos traz uma simbologia muito forte da nossa vida, dos nossos ciclos, da obra toda, da relação com o meio e dos diferentes momentos pelo qual passamos. Precisamos, igualmente a árvore, buscar sempre o nosso eu sagrado nos céus, sem esquecer de aprofundar nossas raízes e buscar nosso eu na sombra que está no inconsciente, lembrar da nossa história e das marcas que ela deixou sobre nós e, a partir disso, criarmos novos significados. Precisamos viver a vida em todas as suas fases como as árvores vivem as quatro estações. Há épocas que crescemos, florimos, frutificamos e repousamos, mas sempre você deve buscar crescer, aprender com o ambiente e ser este veículo de constante troca entre céu e terra, que propicia a verdadeira ampliação de consciência buscando ser integral.

Por RoCarvalho.

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